terça-feira, 7 de janeiro de 2014

03 de janeiro - último dia

Sexta feira foi um dia difícil. O mais difícil de todos. Mais difícil que chegar sozinha, e voltar.
Meu último dia em Barcelona, e eu tive que ir pra escola, mesmo não querendo ir. Mas como o certificado não saiu antes como eu esperava, lá fui eu pra Enforex. Sem vontade alguma, mas fui.
Combinei com o Aurélio de nos despedirmos de Barcelona, almoçando no Zian, o melhor restaurante que comemos em Barcelona. A comida é boa, e melhor, barata.
Chegamos no Zian, e o tal do menu do dia, que comíamos sempre, não tinha no cardápio, por conta da festa de reis. Caímos do cavalo.
Fomos almoçar no restaurante brasileiro, e matamos a saudade do arroz com feijão do Brasil. Comida com tempero, com gosto de casa, tudo de bom.
Eu comia devagar, pensando que em poucas horas iria embora.
Eu queria voltar, tava morrendo de saudade de casa, mas ao mesmo tempo tudo é tão bom, que você não quer perder.
Comemos e o Aurélio foi comigo na minha casa, buscar meu dinheiro que eu tinha deixado na mala. Subimos a Carrér de Calabria, devagar, conversando, olhando tudo, dando risada. Eu sabia que seria difícil.
Voltamos pra Las Ramblas, bem devagar. Tomamos sorvete da Farggi, passamos no Corte Inglês, e nisso já era mais de 18:30h. Era hora de dar tchau.
Paramos na entrada do metrô e alí eu me despedi. Não chorei, mas não consegui olhar pra ele. Abracei forte, e agradeci baixinho. Um muito obrigada que saiu entalado. Preso num choro que estava grudado na garganta. O deixei entrar no metrô e não olhei pra trás. Não consegui.
Subi Las Ramblas com os olhos marejados. Uma vontade de fazer tudo de novo. De voltar o tempo no dia 07 e viver os dias mais incríveis da minha vida outra vez. Aurélio foi meu último parceiro em  Barcelona. Chegamos no mesmo dia, vamos embora no mesmo dia, em vôos quase no mesmo horário. Difícil não se apegar.
Subi olhando tudo, bem devagar, querendo sugar os últimos segundos daquele lugar mágico. Eu olhava o céu, as tendas da Feira de Reis, os restaurantes, o cheiro de baunilha, o barulho de ambulâncias passando a todo momentos, as garrafas de vidro quebrando.
Nesse dia não reclamei do semáforo que demora pra abrir. Das pessoas que se amontoam na calçada e não nos deixam passar. Eu só olhava, olhava e agradecia baixinho a oportunidade. Aquilo é incrível. Só quem viveu pra saber. Cheguei em casa, tomei banho, jantei, conversei com o Aurélio via whatsapp e tentamos resolver a saga dele com as roupas úmidas. Fui pro aeroporto, e amanheci lá. Um misto de medo e saudade passavam a todo momento pela minha cabeça.
Foi a coisa mais fantástica que eu fiz na vida. Disso eu tenho certeza. O mundo hoje é tão maior pra mim. Tem mais cor. Tem mais sentido. Sair de casa, mesmo que por 30 dias me fez reavaliar tanta coisa, tantos sentimentos, tantas frescuras que eu sei que as pessoas tem, e que na verdade são coisas tão banais. A vida é tão maior que isso. Essa é com certeza, a maior lição de todas.

Feliz Ano Novo!!!!

Últimos dias em Barcelona e o coração já começa a apertar. Tô com muitas saudades de casa, mas também com muitas saudades da Bruna e do Aurélio. Engraçado como a gente se apega tão rápido à pessoas que há um mês atrás eu nem sabia que existiam. Engraçado como a vida muda num segundo, e você passa a reavaliar coisas, pessoas, sentimentos e emoções. As minhas estão à flor da pele, literalmente.
Meus olhos e ouvidos estão mais aguçados, enxergo mais, ouço mais, percebo mais, me preocupo menos. Assim é a vida em Barcelona.
Semana de ano novo, e tivemos aulas normalmente. No Brasil as pessoas estão em festa deste o dia 23, e aqui tudo segue tranquilamente, como se nada estivesse acontecendo.
Noite de Ano Novo, fui com Carol, Marina, Raquel e a Russa pra Praça Espanha, passar a virada.
Engraçado aquela gente toda contida, com uma taça de champagne na mão, um cacho de uvas brindando 2014. É bonito, mas não é divertido, É tudo muito sóbrio, muito frio. Pra gente que é brasileiro, acostumado a bagunça, gritaria e confusão, chega a ser decepcionante. Pra mim não foi.
Dia primeiro de janeiro, primeiro dia de 2014 e eu estava sozinha. A saudade de casa e dos amigos daqui, nessa hora falou muito alto. Queria ouví-los, saber deles, conversar. Não tinha nada disso.
Assim, fui pra praia. Barceloneta cheia, mesmo fazendo muito frio. O povo tomando seu primeiro banho de mar. Cachorros caminhando contentes pela areia gelada. E alí eu sentei e passei mais de 2 horas olhando tudo, admirando tudo, pensando mais uma vez na sorte que eu tive em vir, e conhecer gente tão legal. Eu sei que Barcelona não seria tão boa, se não fosse com eles. Minha gratidão, meu respeito, minha admiração por cada um, meu carinho, serão eternos. Fiz amigos, disso eu tenho plena certeza.
A noite, quase na hora do jantar, recebo mensagem no whatsapp, e o ânimo volta, quase que instantaneamente. Aurélio estava de novo em Barcelona. Meu amigo, ali de novo, pra darmos risada e matar a saudade que eu tava de dar risada com aquele sotaque que só mineiro tem. Só li a mensagem, respondi rápido, e fiquei feliz de novo. Rever amigos é sempre bom. Aurélio é daquelas pessoas gente boa, que a gente gosta de ter por perto. Menino de coração bom, sorriso largo, inteligente que só. Sabe aquelas pessoas que a gente quer sempre ter por perto? Gente que te faz dar risada de tudo? É ele.
Eu tava sentido falta daquela mineirice. E encontrá-lo na escola, pra ir almoçar na quinta feira, segundo dia do ano, foi como que um presente. Nessa hora eu agradeci.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Sábado 27 de dezembro

Essa foi uma semana diferente por conta do Natal. Tivemos dias sem aula, mas o chato foi a chuva.
No sabado dia 21 fomos ao aquário, coisa que eu queria muito fazer, porque falavam muito bem no guia que a Gabi me deu, e é mesmo muito legal.
No domingo fomos para Tibidabo, o Hopi Hari daqui, é legal, pero no mucho. kkkk
Segunda, 23, fomos para aula e ao Arco do Triunfo daqui. O parque é maravilhoso. Na terça dia 24, noite de Natal, fomos ao museu de ciência, e só nao deu pra comemorar o Natal na rua, porque chovia e fazia muito frio. Dia 25, chuuuuuva, e todo o comércio fechado. Dia 26 feriado aqui, e também pouco movimento, pouca coisa pra se fazer agora que os principais pontos turísticos a gente já viu quase tudo. Aí, a gente bate perna e dá risada de tudo. É divertido.
To com saudades de casa, saudades dos brasileiros que já foram embora. O coraçao começa a apertar. Essa é minha ultima semana aqui, entao o jeito é aproveitar.

Sabado 21 de dezembro

Já sao 21 dias fora de casa. Quando arrumei as malas, nao imaginava que pudesse viver tanta coisa em tao pouco tempo. Aqui se vive a politica JK, 50 anos em 5, no meu caso 32 anos em menos de 30 dias.
Na terça dia 17, fomos ao Passeig de Gracia, uma rua tipo Oscar Freire que tem aqui. Só loja cara, com gente chic e tudo mais. Aurélio nos mostrou uma bolsa que custava 6 mil euros. O preço de um carro popular no Brasil. Passeamos o dia todo, comemos churros com chocolate quente, roubamos o wifi na Apple, e tudo mais.
No dia 18, fomos ao Parque Guell, que é famoso, uma das mais famosas obras do Gaudi. Todo mundo já viu uma foto do parque, na internet, na televisao. É lindo mesmo, vc fica horas por lá e nao vê a hora passar.
Na quinta choveu, e chuva é ruim em qualquer lugar do mundo, e foi ruim também porque foi o ultimo dia da Marina e do Marcelo com a gente. Foi dificil me despedir.
Na sexta éramos só: Bruna, Aurélio e eu. Andamos de teleférico, descemos toda Las Ramblas, vimos o Mirador de Colom. As canelas doeram de tanto andar. A gente já andou tanto aqui, que dá pra correr a Sao Silvestre já.
Na sexta, quem se despediu foi o Aurélio. O grupo cada vez menor. A sorte é que chegaram mais 3 brasileiras, e a gente vai de novo, conhecendo gente, e fazendo amigos. Mas o coraçao fica apertado quando um deles vai embora, nao tem como nao ficar.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

16 de dezembro - hoje eu chorei

Seguimos o protocolo de sempre, felizes da vida porque a Marina e o Marcelo que iriam embora resolveram ficar mais 1 semana.
Depois da aula, fomos conhecer o estádio olímpico. Demos a volta nele todinho e depois fomos caminhar.
Paramos em um hotel que tem um café com uma vista de cair o queixo (depois eu posto foto). Dá pra ver a cidade toda de lá. O mar, os monumentos, o movimento da cidade, aquele cheiro de peixe e frutos do mar que Barcelona tem. Tudo.
Foi nessa hora que eu debrucei no mirante e comecei a pensar na vida, em tudo que me aconteceu, e em todos os questionamentos que eu me fiz até aqui.
Passei 3 anos me perguntando porque comigo, e lamentando o que a vida tinha me levado: pessoas, sentimentos e até meus sonhos.
Hoje eu vi, que quando a vida me tirava alguém, me dava em troco um futuro, toda uma história pra viver e contar. Nao fosse assim, eu nao estaria aqui hoje.
E eu precisei atravessar um oceano pra entender que eu posso mais. Que na verdade, foi só um chuva. A tempestade passou.
Foi em frente ao mar que eu me achei hoje, e foi aí que eu chorei. Um choro doído, um choro esperado, guardado por tanto tempo. E foi bom chorar.
Hoje eu fui eu de novo. Hoje eu achei a Karen que eu vim buscar. Ela é outra, diferente da que ficou no Brasil. Mas é gente boa, acho que vocês vao gostar de conhece-la.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sexta 13 de dezembro, e sábado 14.

Sexta feira 13. Sabe o que isso significa aqui? NADA. Aqui o azar é nas terças feiras 13. Nao me perguntem porque.
Estamos podres de cansados. Tá ficando cada dia mais frio, e estamos cada vez mais amigos. Na sexta fomos pra Barceloneta ver o mar. Estranho ir pra praia de bota e casaco. O mediterraneo é lindo. Aliás tudo aqui é lindo.
O legal daqui é o nome que dao pras coisas. Misto quente se chama Bikini e cachorro quente é Frankfurt.
Depois da praia, e do frio congelante que a gente passou ( meu dia mais frio até agora), fomos beber cava, o champagne daqui. É muito bom e muito barato. Aí se bebe muito, e se gasta pouco.
Andamos pelo bairro gótico, demos muita risada, os meninos paqueraram as chicas, e assim a gente ficou na rua até as 2 da manha. Foi difícil levantar no sábado. Mas mesmo assim, eu saí. Fomos bater perna na Las Ramblas, roubar o sinal do wi-fi do Hard Rock, almoçamos no shopping e vimos o show das águas no Palácio Montjouic. É lindo. Vou postar as fotos.
No domingo vamos a Montserrat de trem. Lá é mais frio que em Barcelona. Depois eu conto como foi.


Quarto dia - 12 de dezembro

Cheguei na escola muito, muito cansada. Esse foi o dia mais quente de todos até agora, 13 graus. Dá pra dizer que até tava calor.
Fiz o mesmo esquema de sempre, aula até as 13:30h e depois passear.
Finalmente fomos na Sagrada Família, Bruna, Aurélio e eu. E é impressionante a beleza do lugar.
Nao faz sentido vir a Barcelona e nao ir à Sagrada Família. Aquela basílica gigante, as torres, os vitrais, tudo é lindo. Pra quem é católico é mais bonito ainda.
Sempre me perguntavam porque eu tinha escolhido Barcelona pra conhecer, e eu nunca soube responder. Hoje eu sei.
Aqui a gente anda muito. As ruas sao sinalizadas, com muito movimento e fácil acesso. O problema é que é tudo muito parecido, e pra se perder, é um segundo.
Voltamos da Sagrada Família e fomos a Las Ramblas, uma rua de muito comercio aqui.
Fizemos piada, demos risada, e o Aurélio e eu começamos a cantar músicas do Brasil. Quando eu vi, a gente tava cantando "Ai, seu eu te pego", no meio da espanholada.
A Fernanda nos levou num bar que se chama Ovelha Negra. O bar fica num beco feio, escondido, dá medo. Sozinha eu nao iria lá.
Foi lá que eu tomei minha primeira sangria e o tal leite de pantera, que tem gosto de arroz doce. O negócio é doce, mas é bom. Nao dá pra dizer que eu adorei. Acima de tudo, foi divertido.