Meu último dia em Barcelona, e eu tive que ir pra escola, mesmo não querendo ir. Mas como o certificado não saiu antes como eu esperava, lá fui eu pra Enforex. Sem vontade alguma, mas fui.
Combinei com o Aurélio de nos despedirmos de Barcelona, almoçando no Zian, o melhor restaurante que comemos em Barcelona. A comida é boa, e melhor, barata.
Chegamos no Zian, e o tal do menu do dia, que comíamos sempre, não tinha no cardápio, por conta da festa de reis. Caímos do cavalo.
Fomos almoçar no restaurante brasileiro, e matamos a saudade do arroz com feijão do Brasil. Comida com tempero, com gosto de casa, tudo de bom.
Eu comia devagar, pensando que em poucas horas iria embora.
Eu queria voltar, tava morrendo de saudade de casa, mas ao mesmo tempo tudo é tão bom, que você não quer perder.
Comemos e o Aurélio foi comigo na minha casa, buscar meu dinheiro que eu tinha deixado na mala. Subimos a Carrér de Calabria, devagar, conversando, olhando tudo, dando risada. Eu sabia que seria difícil.
Voltamos pra Las Ramblas, bem devagar. Tomamos sorvete da Farggi, passamos no Corte Inglês, e nisso já era mais de 18:30h. Era hora de dar tchau.
Paramos na entrada do metrô e alí eu me despedi. Não chorei, mas não consegui olhar pra ele. Abracei forte, e agradeci baixinho. Um muito obrigada que saiu entalado. Preso num choro que estava grudado na garganta. O deixei entrar no metrô e não olhei pra trás. Não consegui.
Subi Las Ramblas com os olhos marejados. Uma vontade de fazer tudo de novo. De voltar o tempo no dia 07 e viver os dias mais incríveis da minha vida outra vez. Aurélio foi meu último parceiro em Barcelona. Chegamos no mesmo dia, vamos embora no mesmo dia, em vôos quase no mesmo horário. Difícil não se apegar.
Subi olhando tudo, bem devagar, querendo sugar os últimos segundos daquele lugar mágico. Eu olhava o céu, as tendas da Feira de Reis, os restaurantes, o cheiro de baunilha, o barulho de ambulâncias passando a todo momentos, as garrafas de vidro quebrando.
Nesse dia não reclamei do semáforo que demora pra abrir. Das pessoas que se amontoam na calçada e não nos deixam passar. Eu só olhava, olhava e agradecia baixinho a oportunidade. Aquilo é incrível. Só quem viveu pra saber. Cheguei em casa, tomei banho, jantei, conversei com o Aurélio via whatsapp e tentamos resolver a saga dele com as roupas úmidas. Fui pro aeroporto, e amanheci lá. Um misto de medo e saudade passavam a todo momento pela minha cabeça.
Foi a coisa mais fantástica que eu fiz na vida. Disso eu tenho certeza. O mundo hoje é tão maior pra mim. Tem mais cor. Tem mais sentido. Sair de casa, mesmo que por 30 dias me fez reavaliar tanta coisa, tantos sentimentos, tantas frescuras que eu sei que as pessoas tem, e que na verdade são coisas tão banais. A vida é tão maior que isso. Essa é com certeza, a maior lição de todas.